Em
qualquer canal de comunicação o que realmente importa no primeiro
momento são as facilidades de acesso. Encontrei tanto no site da
Fundação Cultural Palmares como no Indios online uma objetividade
nos links apresentados. Apesar da diferença de qualidade de layout
ambos sites possuem praticamente a mesma estrutura, indicando suas
culturas, raízes e pensamentos. Por outro lado o Site da Fundação
Palmares por ser uma instituição com mais recursos obviamente
possui uma “profissionalização” mais evidente. Denominar uma ou
outra com profissional não compromete o propósito que elas
claramente demonstram. O resgate histórico e cultural, a promoção
e preservação das raízes são disponibilizadas através dos links,
vídeos, artigos e notícias.
Historicamente
não nos disponibilizam em sala de aula material suficiente para
conhecer tanto os Afrodescencenses quanto os povos indígenas,
principalmente antes de entrar para Universidade. Os canais acima
apresentados são ferramentas importantes para uma percepção mais
verdadeira da realidade que índios e negros passaram e tem passado
em séculos de exclusão. Pela Fundação Cultural Palmares ter sido
criada pelo Governo o investimento em pesquisas, materiais de
pesquisa, imagens e entrevistas são mais ricos e elaborados. Há um
valor agregado e uma equipe maior em sintonia com a causa do combate
ao racismo. Já para os índios pela forma voluntária como o próprio
site é feito e suas comunicações faz com que haja uma demora da
propagação de sua existência e importância.
Zulu
Araújo mostra de forma clara e didática que a divisão por Raças
foi criada pela sociedade e pela política para justamente separar as
pessoas. No programa Roda Viva, Zulu evidencia os avanços que a luta
contra o racismo tem conseguido. Atualmente o Brasil já tem mais de
300 mil Afrodescendentes em Universidades e que apenas no século 21
conseguiu mais vagas do que nos outros 4 séculos juntos. É
apresentado também a resistência para a inclusão do negro e que a
sociedade ainda é um pouco superficial para discutir e implementar
medidas para transformar esta história, reverter o quadro para algo
positivo. Esta dificuldade é graças a uma minoria com muito poder
que manipula a forma como as coisas devem acontecer.
Me
chamou atenção na entrevista que diversas pessoas preferem ser
chamadas de mestiças do que aceitar sua real origem. Como dito
anteriormente a palavra raça é algo “inventado” pois sabemos
que só existe uma que é o Ser Humano. Este fato é o ponto crucial
para uma quebra de paradigmas em relação ao preconceito. Não há
raças não há um padrão superior como os Euro descendentes. Zulu
em suas palavras mostra ainda a carga do passado, da subjugação, da
humilhação, preconceito, divisão, todas palavras parecidas mas que
sempre couberam nas frases dos racistas.
As
cotas na universidade tem sido um instrumento positivo segundo Zulu
Araújo para o ensinamento da sociedade para aceitar os negros como
iguais. Diferente do que muitas pessoas achavam os estudantes
cotistas tem menor evasão, notas iguais ou superiores aos não
cotistas.
Hoje
não sei o quanto branco ou negro ou Bugre sou, mas entendo que a
sociedade em um todo não pode ser condenada por ser racista ou
trazer traços racistas. Foram 400 anos de escravidão, escolas em
sua maior parte não ensinaram o que realmente eram e de onde vieram
os negros. Sabiamos dos escravos africanos, mas quem eram eles? Onde
moravam? Foram tirados como de suas casas no continente africano?
Seguindo
a ideia central do parágrafo acima, colocamos os índios atualmente
em uma esfera inferior. Se os negros hoje representam 51% da
população e mais de 300mil estão em universidades, os índios se
resumem a uma população de um pouco mais de 350mil, sendo que
divididos em todo território brasileiro. Desta forma fica muito mais
dificil lutar pelos seus direitos de donos da terra. Os índios são
as verdadeiras minorias, não possuem um apoio total do governo.
Recebem saúde, lugar para morar, estudo. Hoje tratamos os índios
como um mendigo que pede o pão velho. Entregamos para ele pouco por
mais que mereça mais.
A
Fundação Cultural Palmares foi criada pelo governo e com ela muitos
avanços na luta contra o racismo tem aparecido. Os índios hoje
contam com o apoio da FUNAI, mas é fácil dizer que apoiar as vezes
não é pegar junto. Voltando ao que comentei no primeiro parágrafo,
falta uma “profissionalização” para os índios. No próprio
site Indios online na parte “Quem Somos” eles pedem ajuda para
voluntários em comunicação, apoio técnico e financeiro. Este
pedido de ajuda demonstram a fragilidade que hoje estes povos vivem e
talvez assim assinando sua exclusão social definitiva.
Como
novos comunicadores temos o desafio social de apoiar ainda mais os
Negros em suas lutas diárias ajudando no aceleração do processo de
igualdades. Ao índios precisamos primeiro tentar entende-los como
nunca fizemos em nossa vida escolar, para depois sim criar
estratégias de mudar, reformular todo o pensamento da sociedade. Não
temos só que construir marcas ou jornais, e sim uma sociedade mais
justa para todos.
Jefferson Karnal